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Como Funciona uma Economia?

Tempo de Leitura: 8 minutos

Investir seu dinheiro com segurança depende de algumas premissas básicas. É preciso um pouco de coragem, algum dinheiro no bolso, muita informação sobre o mercado financeiro e, acima de tudo, entender o funcionamento da economia, assim como de seus movimentos (ou contar com a ajuda de quem entende).

De forma geral, além de ter uma reserva financeira, disposição e informação, é preciso entender que a economia funciona como uma máquina. A questão é que muitas pessoas não entendem isso, ou não concordam sobre a forma como ela funciona, o que já levou a uma série de problemas desnecessários. Afinal, é importante saber se orientar nas águas turbulentas da economia e do mercado financeiro antes de se aventurar por mares nunca dantes navegados.

Quer saber um pouco mais sobre essa visão macroeconômica que pode ajudar você a entender como funcionam os processos que movem a economia e obter mais informações para investir com segurança? Aproveite a leitura!

Engrenagens da Máquina

Para entender uma economia é preciso, primeiro, entender do que ela é composta e como ela opera. Ter em mente que uma economia funciona como uma máquina ajuda a compreender sua lógica e, possivelmente, antecipar alguns momentos de flutuação, bastando apenas lembrar que ela opera de uma forma simples e mecânica.

Em resumo, uma economia é, basicamente, um enorme conjunto de operações, composto pela soma de grandes sistemas, os mercados. Estes mercados, por sua vez, são compostos pela soma de diversas operações menores, as transações. Todas elas ocorrem de várias maneiras, inúmeras vezes, sendo ações motivadas, acima de tudo, pela natureza humana e por nossas necessidades básicas.

As transações são a menor versão possível de uma atividade econômica, o que é essencial para a compreensão do conceito de economia. A própria definição de atividade econômica descreve-a como algo que gera riqueza extraindo, transformando e distribuindo recursos naturais, bens e serviços, com o objetivo de atender às necessidades humanas, tais como educação, alimentação e segurança, entre outras.

Embora possa parecer algo extenso e complexo, uma economia é, simplesmente, a soma dos mercados que a compõem. Tais mercados, por sua vez, são formados pela soma das transações que ocorrem dentro deles.

Primórdios e Bases da Economia

Desde o surgimento das primeiras relações econômicas, todos os ciclos e forças em uma economia são impulsionados por algum tipo de transação, que faz parte de um mercado que, por sua vez, faz parte de uma economia. Entendendo como essas movimentações ocorrem e se relacionam, podemos entender o funcionamento de um mercado e, consequentemente, de toda uma economia, seja ela local, nacional ou global.

Uma economia pode envolver uma grande variedade de atividades que evoluíram em diferentes etapas, cada uma a seu tempo, ao longo da história. A agricultura de subsistência, por exemplo, era a principal atividade econômica da antiguidade, até que a Revolução Industrial diminuiu seu papel, transformando-a em um processo capitalista de produção, onde fazendas passaram a ser mais extensas e monocultoras (você deve lembrar do conceito de monocultura extrativista latifundiária das aulas de história na escola). Além da agricultura, a mineração, a construção civil e a indústria manufatureira foram as principais fontes de crescimento econômico durante a Revolução Industrial. Atualmente, o setor de serviços, que inclui o setor financeiro e de tecnologia, é responsável por uma parcela cada vez maior da economia nas sociedades modernas.

Transações

De acordo com historiadores e arqueólogos, tudo começou com a prática do escambo, que surgiu na Pré-História, durante o período Neolítico (há cerca de 10 mil anos atrás), sendo esta a primeira forma de transação econômica que se tem registro. Durante esse período, diversas novas tecnologias e inovações permitiram o surgimento de atividades como a agricultura e a pecuária, favorecendo a troca de trabalho por bens e serviços, dando início a diversos mercados e ao conceito de economia que conhecemos hoje.

Mercados

Um mercado consiste no conjunto das transações, entre todos os compradores e vendedores, envolvendo um mesmo tipo de ativo. Existem, por exemplo, mercados de commodities, mercados automotivos, mercados imobiliários, mercado de ações e diversos outros tipos de mercados para milhões de coisas, cada um em sua zona de influência e todos, de alguma forma, interconectados.

Somando a quantidade de dinheiro e crédito utilizados em todas as transações, chegamos ao valor total dos gastos, a soma de tudo que impulsiona um mercado. Dividindo o valor total pela quantidade de bens, serviços ou ativos vendidos em tal mercado, chegamos ao preço médio de cada serviço ou ativo. 

Economias

Transações sobre um mesmo tipo de ativo formam um mercado e um conjunto de mercados interconectados forma uma economia. Uma economia, por sua vez, consiste em todas as transações que fazem parte de todos os mercados que a compõem, bem como das relações entre esses mercados. Entendendo essas relações e analisando o gasto total e a quantidade total de ativos vendidos em todos os mercados que, juntos, formam uma economia, temos o que é preciso para começar a entender como eles operam.

Setores da Economia

Antes de entrar mais a fundo no assunto, é preciso deixar claro que existem três setores principais de atividade econômica nas economias contemporâneas:

  • Setor Primário: inclui a extração e produção de materiais crus, como carvão, madeira, ferro e milho (seus trabalhadores podem ser mineiros, agricultores e pescadores);
  • Setor Secundário: refere-se à transformação de materiais crus ou com um nível intermediário de processamento em produtos de produção ou de consumo, como a transformação de aço em carros ou de tecidos em roupas (metalúrgicos, engenheiros, pedreiros e estilistas são exemplos de trabalhadores do setor);
  • Setor Terciário: refere-se a serviços como bancos, creches, cinemas e casas lotéricas (um contador e um vendedor do comércio seriam empregados do setor terciário).

Relações Econômicas

Agora que já falamos um pouco sobre como são compostos os mercados e as economias, vamos entrar em um assunto um pouco mais profundo, o seu funcionamento. Para isso, é preciso analisar, mais uma vez, a partir do início: as transações.

Como citado anteriormente, as transações são a base de toda e qualquer economia, sendo algo muito simples e corriqueiro que ocorre, quase sempre, da mesma forma. Cada vez que você compra ou vende algo, você e a outra parte envolvida criam uma transação que consiste em um comprador utilizando valores (dinheiro ou crédito) em uma operação de troca com um vendedor de bens, serviços ou ativos financeiros.

Oferta e Demanda

Todas essas transações que compõem um mercado têm um valor que costuma ser regulado por dois fatores básicos: o comprador quer obter o melhor produto possível pelo menor valor e o vendedor quer fornecer o produto menos custoso pelo maior valor possível. Isso é o que chamamos de Lei de Oferta e Demanda, também conhecida como “A Mão Invisível do Mercado”, termo cunhado por Adam Smith (1723-1790), economista escocês considerado por muitos como o pai da economia moderna, em seu livro de 1759 “The Theory of Moral Sentiments”.

Smith afirma que, na economia, as pessoas e as empresas são guiadas por uma “mão invisível” que as conduz a resultados desejáveis de mercado, referindo-se ao conjunto de indivíduos que negociam bens e serviços entre si. É uma metáfora para a visão de que, se todas as pessoas e empresas forem deixadas livres para agir em seu melhor interesse próprio, buscando maximizar os próprios resultados, o mercado vai entrar em equilíbrio naturalmente e atingir o melhor desfecho possível, sem que haja necessidade do Estado intervir (por exemplo, regulando os preços).

Essas relações entre oferta e demanda gera outro fenômeno muito conhecido pelos brasileiros, denominado “inflação”. O conceito é muito bem detalhado pela teoria Keynesiana, apresentada pelo fundador da macroeconomia moderna John Maynard Keynes (1883~1946) em seu livro de 1936 “General theory of employment, interest and money”. 

Keynes sugere que, durante uma recessão (quando há mais oferta que demanda), as pressões inflacionárias são baixas mas, quando o nível de produção de riqueza está equilibrado ou, até mesmo, além do nível do produto interno bruto (quando há mais demanda que oferta), a economia está em grande risco de ter inflação.

Basicamente, é nisso que consistem os processos essenciais a todos os mercados, formando o coração da máquina que é uma economia. Esses movimentos, que fazem parte do nosso modo de vida desde tempos imemoriais a tal ponto que não conseguimos nem imaginar a vida sem eles, são o que move o capitalismo como conhecemos e as economias contemporâneas, conforme abordado por Milton Friedman em seu livro Money Mischief: Episodes in Monetary History (1994).

Regulação no Coração da Máquina

Seja qual for o mercado ou a economia, pessoas, empresas, bancos e governos envolvem-se em transações da mesma maneira: troca de dinheiro ou crédito por bens, produtos, serviços ou ativos financeiros. Os maiores compradores e vendedores são, quase sempre, governos soberanos que fazem parte desses ciclos com duas peças interconectadas muito importantes:

  • Um Governo Central, responsável pela arrecadação de impostos, planejamento e gasto do dinheiro público arrecadado e;
  • Um Banco Central que, diferente de outros compradores e vendedores, controla a quantidade de dinheiro e de crédito disponível na economia.

Os Bancos Centrais fazem isso influenciando as taxas de juros e o volume de moeda em circulação, recolhendo notas antigas ou imprimindo dinheiro novo. Por estas razões, são os atores mais importantes no fluxo de crédito que, por sua vez, é um dos aspectos mais importantes e voláteis de uma economia, além de ser, provavelmente, uma das menos compreendidas.

Crédito e Juros Movimentando Mercados

Assim como compradores e vendedores vão a diversos mercados para realizar transações de bens e serviços, o mesmo acontece com credores e devedores que vão ao mercado financeiro para realizar transações de crédito. Geralmente, os credores querem transformar seu dinheiro em mais dinheiro e os devedores querem investir ou comprar algo que não podem pagar imediatamente, tal como montar um novo negócio, comprar um imóvel ou trocar de carro, precisando recorrer a algo maior que suas posses no momento.

O crédito ajuda ambos, devedores e credores, a alcançarem seus objetivos. Os devedores captam dinheiro e prometem reembolsar o valor emprestado acrescido de um valor adicional (denominado juros) enquanto, na outra ponta, conseguem movimentar, imediatamente, o mercado onde este crédito será aplicado (seja automotivo, imobiliário ou qualquer outro), criando uma nova transação que atende seus objetivos. Por outro lado, os credores conseguem prestar um serviço aos devedores emprestando dinheiro a título de juros e, assim, transformam seu dinheiro em mais dinheiro.

Em todas as transações de crédito, uma lógica sempre se mantém. Quando as taxas de juros estão altas, há uma tendência de queda no volume de empréstimos porque eles tendem a encarecer. Já quando estão baixas, o volume de empréstimos a título de crédito tende a aumentar porque este torna-se mais barato o que, por sua vez, atrai mais credores.

Quando os devedores prometem pagar e os credores acreditam neles, crédito é criado. Este crédito pode ter diversas origens e motivos mas, a grosso modo, quaisquer duas pessoas podem concordar em criar crédito do nada. Isso parece simples, mas crédito é algo mais complicado, envolvendo muitos fatores e aparecendo com diferentes nomes.

Pilares do Crescimento Econômico

Assim que o crédito é criado, imediatamente transforma-se em uma dívida, um débito. A dívida representa um valor (ativo) para o credor, e uma responsabilidade (passivo) para o devedor. No futuro, quando o devedor reembolsar o empréstimo acrescido de juros, o ativo e o passivo desaparecem e a transação é liquidada.

Então, por que o crédito e o débito são tão importantes? Porque quando um devedor recebe crédito, ele é capaz de aumentar seus gastos. E lembre-se: gastos impulsionam uma economia. Isto ocorre porque os gastos de uma pessoa são a renda de outra. Pense que cada centavo que você gasta, outra pessoa ganha, e cada centavo que você ganha, outra pessoa gastou. Então, quando você gasta mais, outra pessoa ganha mais.

Quando a renda de alguém aumenta, isso torna os credores mais dispostos a emprestarem dinheiro porque esse alguém passa a ser mais digno de crédito, visto que um devedor com capacidade de crédito tem duas coisas: capacidade de reembolso e garantias. Ter muitos rendimentos em relação à sua dívida dá a capacidade de pagar. Caso não consiga pagar, ele ainda possui ativos suficientes para usar como garantia, que podem ser vendidos. Isso faz com que os credores sintam-se confortáveis ​​em emprestar dinheiro.

Portanto, o aumento da renda permite maiores empréstimos, o que permite um aumento nos gastos, o que movimenta a economia. E como os gastos de uma pessoa são a renda de outra, isso cria um padrão de auto-reforço que leva a um crescimento econômico baseado no aumento da produtividade e no consequente aumento do endividamento, motivo pelo qual temos ciclos econômicos, o que é papo para outro artigo.

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