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Warren Buffett e Carros Elétricos: A Ascensão da BYD

Tempo de Leitura: 12 minutos

No mundo dos veículos elétricos, a Tesla definiu o cenário do mercado e reinou suprema durante vários anos. No entanto, seus dias como líder do setor podem estar contados. Na China, o maior mercado de carros elétricos do mundo, a marca vem perdendo terreno para as montadoras locais, à medida que uma implacável guerra de preços inflamou o mercado, já extremamente competitivo.

Essa guerra tem sido tão feroz que a maioria das montadoras de veículos elétricos na China está perdendo dinheiro hoje. Somente algumas são, realmente, capazes de obter lucro mas, se a Tesla não tivesse feito cortes de preços agressivos, provavelmente teria enfrentado uma grande queda nas vendas locais no ano passado. E há uma montadora em particular que fez a Tesla batalhar por seu dinheiro no mercado chinês: a BYD, marca investida por ninguém menos que Warren Buffett.

Introdução

Em 2023, a BYD produziu mais de 3 milhões de novos veículos, que incluem híbridos plug-in e veículos 100% elétricos, superando a produção da Tesla de 1,84 milhão de carros e ficando muito à frente dela na China. A montadora chinesa registrou 2,4 milhões de novos registros de seguros de seus automóveis em 2023, apenas na China, tornando-se a marca líder em seu país com uma participação de mercado de 11%. 

No primeiro trimestre de 2024, sua participação de mercado saltou para 37,5%, o que, provavelmente, faz dela a única montadora da história a desfrutar de tal crescimento explosivo em tão pouco tempo. Somente no mês de abril, a montadora vendeu 313.245 veículos na China (49% a mais que em 2023), solidificando sua posição como a maior montadora do país, de acordo com o ranking divulgado pela CPCA (China Passenger Car Association).

Histórico

A BYD, abreviação de Build Your Dreams, teve início em 1995, como uma empresa dedicada à produção de baterias, fundada por Wang Chuanfu em Shenzhen, China. Inicialmente, a marca começou como fabricante de baterias para celulares e, nos primeiros dez anos, o baixo custo foi sua fórmula mágica.

Depois de construir um negócio de sucesso, fornecendo para clientes como Motorola e Nokia, Wang Chuanfu decidiu entrar no setor automobilístico comprando a Xi’an Tsinchuan Auto Co. (posteriormente rebatizada como BYD Auto Co. Ltd.). Em 2005, BYD lançou seu primeiro carro, ainda movido a combustão interna. Em 2008, lançou um modelo híbrido plug-in e, em 2010, apresentou seu primeiro carro totalmente elétrico. Foi um progresso, mas ainda não foi a perfeição. Taxistas compravam o veículo elétrico porque eles recebiam incentivos para fazer isso, mas poucos indivíduos tinham qualquer apetite por carros da BYD.

A divisão automotiva da empresa não viu muito crescimento até a década de 2010. As vendas aumentaram mas, apenas, gradualmente, e os lucros dessas vendas foram quase insignificantes. Na verdade, em 2018 e 2019, as vendas da BYD estavam em declínio e, até muito recentemente, a montadora estava em cima do muro, sem saber se iria ou não manter sua operação como uma empresa automotiva.

No entanto, a BYD conseguiu mudar as coisas. Em 2019, alguns de seus novos produtos (especificamente o Tang e o Han) foram concebidos por designers alemães, colocando carros de nível mundial na linha da empresa. Foi a primeira vez que a BYD apresentou carros realmente atrativos ao público e equiparáveis a modelos das maiores montadoras mundiais.

Em 2022, a empresa interrompeu a produção de seus veículos de combustão interna e passou a focar, exclusivamente, na construção de baterias elétricas e híbridos plug-in. A maioria de seus carros está no mercado de massa, então isso ajuda em termos de volume e economia de escala. Além disso, sua estratégia de não mudar, imediatamente, para veículos 100% elétricos ajudou na adoção de sua nova linha por parte do público chinês.

Cenário

Por muito tempo, as montadoras chinesas não foram levadas a sério por seus rivais, porque seus veículos tinham qualidade e desenho questionáveis e as marcas estrangeiras detinham a maior fatia do mercado automotivo na China. Durante muitos anos, o veículo mais vendido no país foi o Volkswagen Santana (sim, o bom e velho Santana) e a maior parte das vendas era realizada para taxistas e frotistas, evidenciando a função prática e meramente utilitária com a qual os carros eram vistos, até então, no país asiático.

Atualmente, quando olhamos para os veículos que as montadoras chinesas estão apresentando ao mercado, a percepção geral é de que são veículos muito bons. Hoje eles são uma ameaça séria pois, além de dominar o mercado chinês, as montadoras locais têm grandes ambições de expansão global. Somente em 2023, as exportações da BYD cresceram 334%, alcançando a marca de 242.765 veículos vendidos em 70 países.

Vale lembrar que 37,5% do mercado de veículos elétricos na China é da BYD, e eles estão apenas começando a exportar globalmente para a Ásia, Oceania, Europa, América Latina e, muito em breve, Estados Unidos. Algumas previsões indicam que a BYD pode chegar entre as dez maiores montadoras do mundo, ainda em 2024, e alguns especialistas apontam para o fato de que ela pode estar entre as cinco maiores até 2026.

Warren Buffett e a BYD

A BYD é apoiada pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e considerou entrar nos EUA em 2008, quando Buffett adquiriu parte da empresa. O próprio Warren Buffett disse: “- Estou apostando no cara. Eu não entendo a tecnologia. Não tenho certeza sobre o mercado chinês. Os veículos elétricos decolarão ou não? Mas esse cara é um em 10 milhões.”.

Isso mostra que ele reconheceu algo especial em Wang Chuanfu e foi com isso que ele deu sua bênção para o investimento da Berkshire Hathaway na BYD. Grande parte da razão pela qual ele investiu foi por causa do negócio de baterias, mais do que do negócio de veículos, e esse investimento rendeu, dramaticamente, ao longo das vendas de veículos.

Investimento em Inovação

Em 2008, a empresa comprou 225 milhões de ações da BYD por US$232 milhões, o que representava 25% das ações da empresa listadas em Hong Kong, ou 9,9% do total das ações da empresa. A Berkshire obteve uma grande vitória com a BYD, desde a primeira vez que Buffett investiu na empresa, pois pagou o equivalente a cerca de 1 dólar por ação em 2008 e as ações listadas em Hong Kong agora mudam de mãos por cerca de 30 dólares.

Após 14 anos sem vender nada, eles anunciaram sua primeira venda em 2022, e a Berkshire Hathaway vendeu 16 milhões de suas ações (de um total de 225 milhões) pelo valor de US$630 milhões. Desde então, eles diminuíram sua participação para cerca de 88 milhões de ações, menos de 8% das ações negociadas em Hong Kong, de acordo com os registros da bolsa de valores. As ações da BYD subiram junto com o desempenho do negócio automotivo e o investimento, certamente, se pagou.

Saída Estratégica

Um grande motivo pelo qual a Berkshire Hathaway tem lucrado com suas ações da BYD pode ser a geopolítica. Os EUA e a China têm entrado em conflito nos últimos meses sobre tudo, desde microchips e Taiwan até à invasão da Ucrânia pela Rússia. A empresa pode ter decidido diminuir sua participação em ativos chineses dadas as tensões crescentes – a razão pela qual abandonou a Taiwan Semiconductor apenas alguns meses depois de a ter comprado.

O próprio Warren Buffett disse que o aumento vertiginoso das ações da BYD nos últimos anos e a possibilidade de encontrar algo melhor para investir foram fatores que levaram à venda. Ele pode ter optado por realizar parte do ganho de cerca de 30 vezes que obteve com as ações, especialmente porque a empresa enfrenta mais do que alguns riscos. Atualmente, a BYD é avaliada de forma mais agressiva do que nos anos anteriores, ainda está num negócio de capital intensivo, em uma indústria brutalmente competitiva e investe intensivamente no desenvolvimento de baterias e outras tecnologias.

O chefe da Berkshire Hathaway pode ter achado mais fácil se livrar da BYD do que de outras ações, porque ela nunca foi a melhor opção para seu portfólio. O investidor de 93 anos geralmente prefere empresas sediadas nos EUA em setores que conhece profundamente (como fast food ou seguros), e um fabricante chinês de veículos elétricos sempre esteve fora da sua zona de conforto.

Não está claro se Buffett vendeu ações da BYD porque queria realizar lucros, libertar dinheiro, reduzir a sua carteira, reduzir o risco geopolítico ou evitar problemas futuros na empresa. Os acionistas da Berkshire Hathaway estarão observando de perto para ver se vendem mais ações – ou fornecem mais explicações.

A Estratégia de Crescimento da BYD

Preço

No centro da estratégia vencedora da BYD está o preço, pilar estratégico desde seus primórdios como uma fábrica de baterias para celulares, tanto que muitos de seus veículos prejudicaram a concorrência. Em Munique, há apenas alguns meses, eles lançaram o Seagull, a um preço de US$11.500, extremamente competitivo no segmento de veículos de US$35.000 para baixo. A experiência da BYD em baterias, normalmente a parte mais cara dos carros elétricos, ajudou imensamente, uma vez que ela projeta, desenvolve e constrói suas próprias baterias em escala.

Verticalização e Supply-Chain

Além de deter a capacidade e o nível de verticalização necessários para desenvolver e fabricar seus próprios produtos de forma predominantemente interna, a BYD também está fornecendo baterias globalmente, com planos para construir fábricas de baterias em todo o mundo. Como líder indiscutível em tecnologia de baterias para veículos elétricos, a BYD economiza muito na fabricação de seus veículos e também fornece baterias para diversas outras montadoras como Toyota, Kia e até a própria Tesla, principal rival no setor de veículos elétricos.

Inovação Tecnológica

Em 2020, a BYD lançou um novo modelo de bateria do tipo do tipo LFP (Lithium Iron Phosphate) batizada de “Blade” (lâmina, em inglês), um bateria de fosfato de ferro-lítio considerada um imenso avanço no desenvolvimento de baterias de alta densidade de energia. A marca é uma das principais empresas do mundo construindo as baterias de fosfato de ferro-lítio, que têm um custo cerca de 30% a 40% menor por quilowatts-hora para fabricação, além de serem extremamente resistentes e duráveis, entregando alto desempenho aliado aos mais altos níveis de segurança. O que eles fizeram foi, essencialmente, maximizar a densidade de energia, algo atraente para todos na indústria. Segundo muitos relatos, a bateria é a melhor do mundo, atualmente.

Diversificação

Vale lembrar que a BYD não está apenas no mercado de automóveis leves para transporte de passageiros. Ela também fabrica caminhões, ônibus, vans, placas solares, baterias e, até mesmo, trens elétricos do tipo monotrilho. Apesar da vasta gama de produtos, seus automóveis de passageiros são o fator que explica a maior parte de suas vendas. A empresa oferece diversos modelos, em uma variedade de faixas de preço, ao redor de todo o mundo. No Brasil, a BYD assumiu a antiga fábrica da Ford em Camaçari/BA em 2023, para acomodar as linhas de produção do hatch Dolphin e do SUV Yuan Plus, no primeiro momento, e do híbrido Song Plus, posteriormente, focando nos tipos de veículos de passageiro mais populares no país.

No mercado internacional, a série Dynasty inclui o Qin, com um preço começando em torno de US$14.000, até o Tang, no extremo mais alto, começando em torno de US$34.000. Mas o veículo que realmente colocou a BYD no mapa foi o Han. É um sedã, lançado em julho de 2020, cujas vendas acabaram de decolar. A série Ocean atrai consumidores mais jovens com o Seagull, o menor carro da BYD, com um preço inicial no exterior em torno de US$10 mil, e vai até o Seal, um sedã (extremamente) potente que custa cerca de US$22.000. Quando lançou os modelos Dolphin e Seal, um dos fatores levados em consideração foi uma vasta gama de cores, muitas delas diferentes do padrão do mercado automotivo, como uma estratégia para atrair mais famílias jovens e o público feminino.

Mercados

Mercado de Luxo

A BYD continua a desenvolver novos veículos, como o D9, uma minivan de luxo, o N7, um concorrente direto do Tesla Model Y, e o N8, um SUV maior. Sua marca Yangwang, criada em 2023, tem como alvo o segmento de luxo, apresentando um superesportivo, o U9, e um SUV de luxo, o U8. Detalhes de seu próximo carro, o U7, recentemente revelaram que ele terá motores elétricos quádruplos com um alcance de cerca de 800 quilômetros.

Já a Fang Cheng Bao, marca também criada em 2023, lançou seu primeiro veículo, o Bao 5, em novembro do ano passado. Outra marca da empresa, a Yangwang é definitivamente o esforço da BYD para entrar nesse segmento realmente luxuoso do mercado. Os carros são gigantescos ou estão na categoria de carros esportivos, o que é muito diferente dos outros carros da BYD.

A maioria das montadoras, em algum momento de sua história, tentou criar veículos que reflitam bem no resto da marca e ajudem a aprimorar a imagem corporativa da marca como um todo. E com a BYD, não é diferente. É um sinal de sua crescente confiança, que faz com que a montadora se proponha a fazer carros com qualidade e desempenho comparáveis às montadoras mais tradicionais em termos de esportividade e luxo.

Internacionalização

Assim como em outros mercados, no mercado automotivo, nem tudo são flores. A partir de 2019, os mercados mundiais desaceleraram e as margens começaram a cair. Nesse momento, muitas montadoras chinesas perceberam que, se ficassem restritas a seu mercado doméstico, iriam se afogar no excesso de capacidade e hipercompetição, algo que já estamos vendo acontecer. Por isso, como fabricante líder de carros elétricos na China, a BYD estabeleceu uma meta de levar seus produtos para outros mercados.

A internacionalização foi um passo óbvio para garantir a liderança no mercado de veículos elétricos, onde a BYD tem 43% de participação sendo, atualmente, a montadora que mais vende veículos elétricos na Tailândia, Brasil, Colômbia e Israel, além de sua posição incontestável como maior vendedora desse mercado na China. Na Tailândia, eles eram basicamente inexistentes no mercado há um ano e, apenas nos últimos meses, se tornaram a marca de automóveis mais vendida, com metas para dobrar suas vendas nas Filipinas e Cingapura ainda este ano e planos de entrar no Japão em breve.

Do outro lado do Oceano Pacífico, além de entrar no mercado brasileiro, a empresa começou a vender o Dolphin no México. As vendas da BYD estão crescendo, cada vez mais, em diversos mercados da América do Sul onde a Tesla não está presente, a não ser por meio de importação direta a um preço proibitivo para a maioria do público.

Mais Mercados, no Momento Certo

A BYD também está construindo sua presença na Europa. No ano passado, vendeu 13 mil veículos por lá e agora já tem seu próprio (e enorme) navio de carga, capaz de transportar 7.000 veículos. Recentemente, o navio fez a primeira entrega de 3.000 veículos para a Alemanha em sua primeira viagem. Isso está extremamente alinhado com a estratégia geral da BYD para certificar-se de que eles reduzam os preços ao realizar o máximo possível internamente, verticalizando processos e economizando imensamente na cadeia de suprimentos. Com seu próprio navio, a BYD passa a ter controle extremo sobre custos, da fabricação das baterias até a entrega de veículos pronto ao redor do mundo.

É seguro dizer que sua atual prioridade número um no exterior é a Europa, devido às legislações vigentes que incentivam (ou até mesmo exigem) a eletrificação das matrizes de transporte dos países membros da União Europeia. Além da legislação que incentiva a adoção de veículos elétricos, existem pessoas com dinheiro para comprar carros elétricos, há uma infraestrutura de carregamento (extremamente) decente e a cultura de carros cada vez mais eficientes é uma tendência que veio para ficar.

A empresa disse que abrirá sua primeira Fábrica europeia na Hungria, mas as montadoras chinesas enfrentam obstáculos no exterior. Nos últimos meses, a União Europeia anunciou que vai investigar subsídios destinados à produção chinesa de veículos elétricos. A justificativa é de que a Comissão da União Europeia não acredita no seu custo real, indicando que o governo chinês está, provavelmente, subsidiando os produtos de montadoras do país asiático, motivo pelo qual eles seriam tão competitivos fora da China.

Esse fato não parece estar muito longe da verdade pois, na China, veículos elétricos novos realmente receberam um apoio substancial do governo. A Rhodium Group, grupo independente de pesquisa e análise de dados, estima que a BYD recebeu aproximadamente US$4,3 bilhões em apoio estatal entre 2015 e 2020. Mas a maior questão de todas é: será que a BYD tentará vender seus carros nos EUA? Ao que tudo indica sim, porque eles estão, definitivamente, se preparando para entrar na América do Norte.

Mercado Norte-Americano

Além da Europa, o mercado norte-americano também promete ser muito lucrativo, mas a batalha será árdua. Para prosperar globalmente, a BYD terá que entrar, competir e vencer nesses mercados, o que não será uma tarefa fácil. Atualmente, as tarifas de importação e as políticas de proteção vigentes tornam muito caros os veículos fabricados na China, especialmente nos EUA, com impostos atingindo até 25%, além dos 2,5% de tarifa imposta aos carros importados. Muitas dessas empresas e seus investidores, que em alguns casos incluem vários níveis do governo na China, parecem ter mais tolerância a risco, pelo menos por enquanto, assumindo perdas para crescer no longo prazo em determinados mercados.

A BYD anunciou, recentemente, que construirá uma fábrica no México, possivelmente para ganhar uma posição próxima do mercado americano e canadense. Poucas pessoas sabem disso, mas a China já é o fornecedor número um de carros para o México, e o próximo passo natural será construir fábricas no país. A BYD já está sondando possíveis localidades para sua (provável) futura fábrica e está bem avançada em suas pesquisas. A montadora já enviou veículos que atravessaram a fronteira para os EUA, provavelmente testando, estudando e alinhando suas expectativas para 2025 e além. Mas afinal, qual a probabilidade dos chineses se aproximarem mais do mercado americano? A resposta é simples: muito maior do que se esperava.

Acordos e Tarifas

Nos próximos 5 ou 6 anos, provavelmente veremos várias montadoras começando a realizar a montagem final de seus veículos no México. Mas por que isso é importante para o mercado norte-americano? Por causa do NAFTA (North American Free Trade Agreement), tratado comercial que, basicamente, elimina as barreiras comerciais (e as tarifas de importação) entre EUA, Canadá e México. Claro que muitos americanos vão continuar se recusando a comprar produtos chineses mas, quando se pergunta a um americano se ele quer pagar US$20.000 por um SUV ou se prefere pagar US$10.000 por outro com a mesma qualidade, não há muita contestação. E foi isso que descobrimos com todos os americanos e canadenses com quem conversamos.

Os legisladores dos EUA alertaram que as montadoras chinesas poderiam inundar o mercado, representando uma ameaça para o mercado interno. Washington está, definitivamente, de olho nisso, e você pode apostar que eles estão falando com as autoridades mexicanas. O risco é real para os EUA, em um momento em que o United Auto Workers (sindicato americano que representa os trabalhadores nos Estados Unidos e no Canadá) acaba de negociar salários e vantagens recordes.

A exemplo do que pode ocorrer no mercado americano, temos o caso da Austrália, onde as montadoras chinesas não são restritas por tarifas, e onde a BYD cresceu, consideravelmente, graças a isso. Depois de entrar no país em 2022, ela agora detém 14% do mercado de veículos elétricos. A Tesla ainda lidera no mercado australiano, com 53% de participação, mas opera no país desde 2014.

Competitividade

Contra fatos não há argumentos e, atualmente, as montadoras chinesas são as empresas automobilísticas mais competitivas em todo o mundo. É muito provável que elas alcancem um sucesso significativo fora da China, dependendo do tipo de tarifas ou barreiras comerciais aplicadas. Francamente, tudo indica que, na ausência de barreiras comerciais estabelecidas, eles irão, praticamente, demolir a maior parte das outras montadoras ao redor do mundo.

A título de exemplo, aqui em terras tupiniquins lusófonas, o BYD Dolphin custa a partir de R$149.800 e o BYD Dolphin Mini a partir de R$115.800, o que coloca ambos os carros dentro da faixa de preço de um Volkswagen Polo, deixando montadoras tradicionais em uma posição extremamente delicada. Os dois já são, respectivamente, o quinto e o sétimo hatchbacks mais vendidos no país, o que coloca a BYD à frente de montadoras como Chevrolet, Audi, Renault, Peugeot, Citroen, Honda e, pasme, até mesmo da gigante Toyota, quando se trata de veículos com essa configuração, uma das mais vendidas no Brasil.

Conclusão

Com a China se tornando uma nação com uma indústria automotiva poderosa, pode ser difícil manter suas ambições dentro de uma margem segura para outras montadoras. As montadoras chinesas aprenderam (muito rapidamente) como produzir veículos realmente atraentes, bem equipados e, cada vez mais, confiáveis. Mas o que mais importa para o consumidor é que eles são mais acessíveis e estão, indiscutivelmente, entregando mais que a concorrência e sendo, em muitos aspectos, veículos melhores. 

O resto da indústria tem motivos para ter medo. Atualmente, a China tem capacidade para entregar metade da demanda mundial por veículos. Metade. Cinquenta por cento de todos os carros do mundo. Dada sua resistência, seu baixo custo, design e qualidade cada vez mais aprimorados, começamos a nos perguntar: o que vai impedir esse rolo compressor?

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